A luz no fim do túnel: Um simbolismo para a esperança

Kauê
3 min readApr 21, 2023

De modo que é assim que vivemos as nossas vidas. Não importa quão profunda e fatal seja a perda, o quão importante fosse o que nos roubaram — que foi arrebatado de nossas mãos, mesmo que mudemos completamente, com somente a camada externa da pele igual à de antes, continuamos a representar as nossas vidas dessa maneira, em silêncio. Aproximamo-nos cada vez mais do fim da dimensão do tempo que nos foi estipulado, dando-lhe adeus enquanto vai minguando. Repetindo, quase sempre habilmente, as proezas sem fim do dia-a-dia. Deixando para trás uma sensação de vazio imensurável.

Sempre questiono-me acerca da efusividade da vida; pode-se considerar uma dúvida diária. Enquanto o sanguíneo dispõe do benefício da certeza, as feridas se enraízam profundamente para o melancólico, e diariamente devemos encontrar motivos para persistir na batalha. Quando condicionado pela modernidade, o estado mental do indivíduo torna-se devastado, catastrófico e apocalíptico. A perspectiva do incrédulo é pessimista, e deve-se buscar algo que ilumine a escuridão intrínseca do seu negativismo.

O pessimismo é uma condição adversa a qual acomete-nos a acreditar que há mais escuridão do que luz. O mundo do pessimista é monocromático e enxerga somente o lado negativo da realidade, isto é, encontra-se impossibilitado de observar o sentido contrário, otimista. Felizmente, a vida carrega aleatoriedades em suas oscilações: o presente pode não ser dos mais promissores, entretanto, o futuro ainda reserva uma incógnita; devido a isso, ainda hai de termos esperança. O que é aparentemente melancólico e sombrio hoje pode ser transfigurado por uma oportunidade do amanhã.

Certamente a principal dificuldade do pessimista é a aquiescência da linearidade da vida: quase tudo que acontece é indiferente à nossa vontade. Acontecimentos negativos serão inevitáveis e estarão além do nosso controle. No entanto, podemos controlar o foco que permitimos a estes fatores nos impactarem. É nossa escolha visualizar pelo lado positivo de uma situação e fisgar esta esperança com toda nossa vontade.

A melancolia tem como imperativo imergir-nos na tristeza, solidão e em pensamentos negativos, resultando na mais profunda dúvida sobre si mesmo e do próprio valor. Por isso, sempre busque pessoas as quais podem te amparar em quaisquer que sejam os desafios e situações. Aquelas mais otimistas, leves e podem inspirar-te a jamais desistir. Se fores volátil, necessitarás de alguém que mantenha-te firme nesta realidade e que te faças lembrar do que realmente importa; pois assim torna-se mais fácil ver a vida de uma maneira mais positiva. Este pode ser fundamental para encontrarmos a luz quando estivermos afundados no negativismo.

Por fim, para o melancólico, é natural aventurar-se nas profundezas do pessimismo pois o pessimista é um preguiçoso, como diria Mario Sergio Cortella. A adversidade real é a humildade para focar nas possibilidades pela perspectiva colorida e viva do otimismo. Cerque-se daqueles que desejam o teu melhor, te incentivam e inspiram. A vida deve ser vivida um dia por vez e que cada vitória deve ser devidamente celebrada e agradecida. Essas inconstâncias da vida e o princípio da incerteza nos garantem a incumbência de tentar, de acreditar e ter para conseguir.

Música recomendada: a inspiradora One Life do James Bay.

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Kauê

Escrevo sobre filosofia, psicologia e física. Esporadicamente umas pitadas de astronomia, minha vida em parábolas e alegorias propositalmente ambíguas.