Conscientização e empatia: Onde começa o nosso dever?

Kauê
4 min readJun 9, 2023

Lewis explica que, ao nos tornarmos cristãos, firmamos um contrato com Deus em sua tarefa de nos aperfeiçoar — e que algo menos do que esse processo às vezes doloroso seria admitir que Deus está pronto para desistir de nós, que ele não nos ama plenamente.

O que é vida? Para mim, é algo verdadeiramente precioso e delicado. Inicio a reflexão evocando a questão anteriormente presente no meu artigo “A delicadeza e efemeridade da vida”; acredito que agora, tendo em mãos o calor e humanidade necessários, é o momento tempestivo para elucidar tal conceito.

A Internet possibilitou àqueles mais incipientes e açorados por julgamento a exteriorizarem seus sentimentos mais negativos em qualquer indivíduo, ser, objeto, ideia ou até ideologia. O ambiente virtual trouxe consigo a capacidade de dar voz aos mais esquecidos e negligenciados e, em contrapartida, também aos mais indesejados e cruéis.

Amparados pelo anonimato, distância virtual, ataques em massa em efeito manada e pela certeza da impunidade, este ambiente tornou-se ideal para a prática de assassinatos de reputação, cyberbullying, ataques pessoais e outras ações completamente descabíveis e desumanas. Infelizmente, esse ódio pode causar danos irreversíveis às suas vítimas: destruição da autoconfiança, traumas emocionais profundos e, em casos extremos, pensamentos desesperados contra a própria vida.

O bullying, especificamente, consiste nos indivíduos sendo alvos de agressões verbais, insultos, ameaças e difamação. Essas agressões, perpetradas através das redes sociais e da internet, afetam diretamente a saúde mental e psicológica. As consequências costumam ser avassaladoras, levando a problemas como baixa autoestima, ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e fobia social. Somente aqueles que passam ou passaram por tais experiências trágicas conhecem a dor que essas provocam.

Em essência, tratam-se de temas complexos e interligados que exemplificam os desafios enfrentados na sociedade contemporânea. Suas consequências são devastadoras aos envolvidos, e é categórico que estejamos profundamente conscientes acerca disso. Desenvolvamos empatia genuína e tomemos medidas seguras para ajudar e resgatar aqueles que mais precisam do nosso apoio.

A chamada “cultura do cancelamento” é um fenômeno que carece de atenção. Este refere-se à prática de boicotar, ostracizar ou de “linchar virtualmente” indivíduos, empresas e entidades em decorrência de certas ações ou opiniões que, por parte dos “canceladores”, são consideradas inaceitáveis.

Embora a intenção inicial seja somente corrigir uma atitude inadequada, promove-se com frequência uma falsa justiça punitiva, quase sempre iníqua; é um ciclo de ódio que perpetua o problema ao invés de solucioná-lo, sem permitir qualquer oportunidade de redenção ou o princípio básico do contraditório e da ampla defesa. Em decorrência da neuroplasticidade e da neurogênese, as habilidades cerebrais de adaptação e formação de novos neurônios, sempre há possibilidade para a evolução e a reconciliação.

Outro ponto substancial é que quaisquer hábitos na internet possuem potencial para tornarem-se compulsões; desde a procura por sites e sites e comunidades controversas, os quais estimulam a desordem interna, a perscrutar comentários sobre si na busca da satisfação da concupiscência. É inapelável que estejamos compenetrados nas pessoas mais propensas a enfrentar tais tipos específicos de adversidades.

A importância da conscientização promove uma sociedade mais empática, solidária e verdadeiramente humana. É fundamental que tenhamos plena ciência das consequências do cyberbullying, da “cultura do cancelamento” e do ódio de qualquer natureza. É imperativo promover um ambiente baseado no respeito mútuo, na gentileza e na empatia, independente do contexto em que estejamos inseridos.

Ouvir atentamente, aconselhar com carinho, oferecer compreensão e apoio emocional, incentivar a busca de ajuda profissional e, independente de nossas crenças pessoais, enviar pensamentos positivos e rezar por aqueles em situação de vulnerabilidade são maneiras poderosas e efetivas de ajudar. Cada um de nós tem o poder de fazer a diferença, de ser um exemplo de empatia, compaixão, caridade e amor ao próximo.

Por último, gostaria de registrar uma mensagem aos leitores que estão nessa situação: quero que você saiba, com a mais absoluta certeza, que a sua vida vale muito, mas muito a pena. Não há problema neste mundo que seja mais forte, importante e valioso do que a pureza da sua alma, pois ela é eterna. A batalha interna pode parecer insuperável em alguns momentos, mas mesmo quando seus pecados e demônios suplicarem para que você desista, mesmo quando não houver mais nada por dentro, lembre-se de que há sempre uma razão para continuar lutando. O amor e a serão seus pilares essenciais para alcançar a vitória. Saiba que você é amado, acolhido e abraçado por todos aqueles que estão ao seu redor, física ou virtualmente. Jamais se esqueça de que sempre há esperança, sempre há uma maneira de superar as dificuldades. Reconheça que você fez um trabalho incrível até agora, e nunca duvide de seu potencial e da sua fé, para que seu futuro continue brilhando e sendo trilhado.

Agradeço novamente o meu grande amigo Nathan pela inestimável revisão ortográfica.

Música inspiração: a versão celestial, sublime e inspiradora de Breathe da sempre extraordinária Sohyang.

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Kauê

Escrevo sobre filosofia, psicologia e física. Esporadicamente umas pitadas de astronomia, minha vida em parábolas e alegorias propositalmente ambíguas.